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{Novembro 22, 2009}   Prova – Medicina Evangélica 2010

RESSONÂNCIA MÓRFICA: A TEORIA DO CENTÉSIMO MACACO

Era uma vez duas ilhas habitadas pela mesma espécie de macaco. Depois de várias tentativas e erros, um esperto símio da ilha “A” descobre uma maneira engenhosa de quebrar cocos, para melhor aproveitar a água e a polpa. Por imitação, o procedimento se difunde entre seus companheiros, e logo uma população crítica de 99 macacos domina a nova metodologia. Quando o centésimo símio da ilha “A” aprende a técnica recém-descoberta, os macacos da ilha “B” começam, espontaneamente, a quebrar cocos da mesma maneira. Não houve nenhuma comunicação convencional entre as duas populações: o conhecimento simplesmente se incorporou aos hábitos da espécie.

Esse exemplo fictício ilustra uma das mais ousadas e instigantes idéias científicas da atualidade: a hipótese dos “campos mórficos”, proposta pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake. Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material. Átomos, moléculas, cristais, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfico específico, uma espécie de inteligência ativa, estruturante, que faz com que um sistema seja um sistema, e não um mero ajuntamento de partes.[…]

Ao contrário dos campos físicos, os campos mórficos de Sheldrake não envolvem transmissão de energia. O que se transmite por meio deles é pura informação. É isso que nos mostra o exemplo dos macacos. Nele, o conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a ser compartilhado por toda a espécie. O processo responsável por essa coletivização da informação foi batizado por Sheldrake com o nome de “ressonância mórfica”. Por esta, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva, num processo difuso e não intencional. […]

Com postulados tão insólitos, não espanta que a hipótese de Sheldrake tenha causado polêmica. Em 1981, seu primeiro livro, A New Science of Life, foi recebido com reações diametralmente opostas: a New Scientist elogiava o trabalho como “importante pesquisa científica”; a Nature o considerava “o melhor candidato à fogueira em muitos anos”. Desta vez seria a ciência oficial jogando a ciência na fogueira, ao enfrentar uma hipótese que tromba com a concepção materialista dominante.

A corrente majoritária da Biologia vangloria-se de reduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e faz do DNA resposta para todos os mistérios da vida. A realidade, porém, é complexa demais para caber no molde reducionista oficial. Um exemplo é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimônio genético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, com precisão milimétrica, no lugar certo e no momento adequado? A Biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos, fato que depende das interações de cada célula com as outras células e o meio ambiente. Segundo Sheldrake, é preciso estar completamente entorpecido por um sistema de crenças para engolir uma “explicação” dessas.

O código genético coordena a síntese das proteínas, determinando a seqüência exata dos aminoácidos na construção das macromoléculas. Mas “a maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as células nos tecidos, os tecidos nos órgãos, e os órgãos nos organismos, não está programada no código genético”, afirma Sheldrake. “Dados os genes corretos, e portanto as proteínas adequadas, supõe-se que o organismo, de alguma maneira, se monte automaticamente. É mais ou menos como enviar, na hora certa, os materiais corretos para um local de construção e esperar que a casa se construa espontaneamente.”

A morfogênese, isto é, a modelagem formal de sistemas biológicos seria ditada por um tipo particular de matriz determinada no campo mórfico, os “campos morfogenéticos”. Se as proteínas correspondem ao material de construção, os “campos morfogenéticos” desempenham um papel semelhante ao da planta do edifício. Ressalve-se apenas que a planta é um conjunto estático de informações; os campos morfogenéticos, ao contrário, estão em permanente interação e se transformam o tempo todo graças ao processo de ressonância mórfica.

Outro fenômeno que desafia a Biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos morfogenéticos é o da regeneração de organismos simples, que ocorre em espécies como a dos platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num organismo completo, independentemente da forma como o verme é seccionado. O paradigma científico mecanicista, de base cartesiana, capota desastrosamente diante de um caso assim. Descartes concebia os animais como autômatos, e uma máquina perde a integridade e deixa de funcionar sem algumas de suas peças. Um organismo como o platelminto, ao contrário, parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar a forma original mesmo que partes importantes sejam removidas.

(Adaptado de: ARANTES, José Tadeu. Disponível em: http://www.inconscientecoletivo.net)

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Texto na íntegra:

http://inconscientecoletivo.net/category/fisica-quantica/

Prova do Vestibular – Faculdade Evangélica do Paraná – Medicina http://www.fepar.edu.br/fepar/images/provas/prova%20medicina%202009.pdf

Entrevista com Sheldrake:

http://www.ilea.ufrgs.br/episteme/portal/pdf/numero22/episteme22_hoffmann.pdf

Livros:

O Renascimento da Natureza: o Reflorescimento da Ciência e de Deus, de Rupert Sheldrake, Ed. Cultrix

Caos, Criatividade e o Retorno do Sagrado: Triálogos nas Fronteiras do Ocidente, de Ralph Abraham, Terence McKenna e Rupert Sheldrake, Ed. Cultrix/Pensamento

A New Science of Life: the Hypothesis of Morphic Resonance, de Rupert Sheldrake. Paperback.



et cetera