Deste lado tem meu corpo Tem o sonho Tem a minha namorada me esperando Tem minha vida, nossas vidas Tem meu amor tão lento Tem o caminho sendo preparado Tem você do outro lado
Do outro lado existe ela pensando em nós dois Tem a perfeição do seu sorriso Tem o sonho não realizado Tem meu amor sendo guardado
Georgia Bontorin
Que este amor, Georgia, não fique guardado!
Amor tem que ser amado, distribuído, gostado, visto, revisto e visitado.
Sonhos são realizados, fantasias não. Amor é sonho real na vida, não ilusão.
Feito de duas: pessoas, mente, posição. Feito de dois: lados, distinção, opinião.
Amado sempre e respeitado, tem tudo para ser frutificado.
Tomás Pinto Brandão estando preso por indústrias de certo frade: afomentado na prisão por seus dois irmãos apelidados o Frisão e o Chicória, em vésperas que estava o poeta de ir para Angola
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SONETO
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É uma das mais célebres histó-,
A que te fez prender, pobre Tomá-,
Porque todos te fazem degradá-,
Que no nosso idioma é para Angó-.
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Oh se quisesse o Padre Santo Antô-,
Que se falsificara este pressá-,
Para ficar corrido este Frisá-,
E moído em salada de Chicó-.
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Mas ai! que lá me vem buscar Mati-,
Que nestes casos é peça de lé-;
Adeus, meus camaradas, e ami-.
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Que vou levar cavalos a Bengué-,
Mas se vou a cavalo em um navi-,
Servindo vou a El Rei por mar, e té-.
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Matos, Gregório de. Poemas escolhidos: seleção e organização de José Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p.192
Se o amor fosse verdadeiro Tudo sairia do mesmo ciclo rotineiro Não existiriam falsas promessas, meu amor Como uma dessas que você vive a citar.
Se o amor não fosse verdadeiro Tudo pararia, não importando os derradeiros Não existiriam verdadeiras analogias Como a imperfeição de cada palavra sua.
Ah! Se o amor fosse o meu roteiro Tudo aconteceria nas margens da imaginação Pois a cada feito, haveria sempre um defeito.
Logo, a cada premissa haveria você E a cada nova premissa haveria o amor A conclusão, ficaria a cargo do coração.
Francisco Teixeira Pontes tinha 32 anos Todos riam de suas piadas sem parar Ele era um comediante natural Mas um dia, com sua fama resolveu acabar
Ele queria virar um homem sério Queria ser alguém como qualquer um Tinha cansado da própria vida Queria ser um homem comum
Tentou vários empregos Mas com “qua qua qua” era respondido Riam apenas de citar seu nome Achou que já estava perdido
Então foi que ele soube de um emprego Um de coletor federal Mas era ocupado pelo Major Bentes Que tinha um aneurisma fatal
Francisco contratou seu primo E este lhe prometeu o cargo de coletor Seria avisado logo após da morte do Major Então Pontes planejou o assassinato com ardor
Sendo um comediante pensou “Vou matar o Major de rir!” O aneurisma não iria aguentar Fazê-lo dar risada, ninguém pode me proibir
Indo a coletoria fazendo pequenos trabalhos Conquistou o Major de pouco em pouco Então finalmente Pontes o convidou para jantar Para tentar fazê-lo rir como louco
Mas o plano não deu muito certo O Major tinha cuidado com o aneurisma Ria apenas timidamente Pontes tinha que melhorar seu carisma
Pontes, porem pensou “Todo homem tem seu ponto fraco”
Os do Major eram ingleses e frades Enfim conseguiria por o velho no buraco
Depois de muita preparação Criou uma anedota de um inglês, sua mulher e dois frades Se o Major sobrevivesse Prometeu dar um tiro na cabeça com toda a vontade
Então em um almoço no carnaval Pontes começou a contar a piada Major Bentes estava atento e adorando E o momento do fim se aproximava
Pontes finalizou sua obra-prima Em um ato rápido e cômico Major Bentes riu mais alto que todos Com um riso tragicômico
O Major caiu de cara no peixe e ali morreu Apesar de ser planejado, Pontes se chocou O assassino indireto correu pra casa E lá por dias se trancou
Seu primo o ligou com péssimas notícias A vaga de coletor já estava tomada Pontes além de chocado, ficou sem emprego Desejou nunca ter feito aquela piada
Pontes foi achado enforcado por uma ceroula Um mês depois do assassinato do Major Foi motivo de piada para toda a cidade Então se ouvia, novamente, “quás” ao seu redor
Mandei a palavra rimar, ela não me obedeceu. Falou em mar, em céu, em rosa, em grego, em silêncio, em prosa. Parecia fora de si, a sílaba silenciosa.
Mandei a frase sonhar, e ela foi num labirinto. Fazer poesia, eu sinto, apenas isso. Dar ordens a um exército, para conquistar um império extinto.
Dia 24/08 (quarta-feira), o escritor curitibano Paulo Leminski completaria 67 anos. Para comemorar a data, a Biblioteca Pública do Paraná (BPP) e o Museu da Imagem e do Som (MIS-PR) abrem a exposição “Clics em Curitiba”, com 24 painéis de fotos de Jack Pires associadas a poemas de Leminski, considerado um dos escritores brasileiros mais importantes da segunda metade do século 20.
As imagens e os textos foram originalmente publicados no livro “Quarenta Clics em Curitiba”, lançado pela dupla em 1976. A abertura da mostra é às 19h, em seguida, às 19h30, será exibido no Auditório Paul Garfunkel o documentário “Ervilha da fantasia – uma ópera Paulo Leminskiana”, do cineasta Werner Schumann
A programação ainda conta com a leitura dramática do texto “O dia em que morreu Leminski”, escrito pelo jornalista e dramaturgo Rogério Viana, também no auditório, às 17h30. A leitura é dirigida por Léo Moita e tem participação dos atores Felipe Custódio, Val Salles e Naiara Bastos.
Jack Pires foi um fotógrafo paulista radicado durante muitos anos em Curitiba, onde desenvolveu diversas atividades na Fundação Cultural de Curitiba e trabalhou em importantes estúdios fotográficos. Realizou, nos anos 1970 e 1980, valiosos registros do cotidiano da capital paranaense, num estilo que foi comparado ao de Henri Cartier-Bresson. Em 1976 convidou Leminski para associar seus poemas a diversos flagrantes registradas nas praças e ruas da cidade. O resultado é um livro de grande valor artístico e documental. [imprensa@seec.pr.gov.br]
Serviço:
Clics de Curitiba
Exposição de fotos do livro “Quarenta Clics em Curitiba”
A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver
Um poeta é sempre irmão do vento e da água: deixa seu ritmo por onde passa.
Venho de longe e vou para longe: mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes andaram.
Também procurei no céu a indicação de uma trajetória, mas houve sempre muitas nuvens. E suicidaram-se os operários de Babel.
Pois aqui estou, cantando.
Se eu nem sei onde estou, como posso esperar que algum ouvido me escute?
Ah! se eu nem sei quem sou, como posso esperar que venha alguém gostar de mim? (Meireles, 1982, p.17)
Arte Poética
Mirar el río hecho de tiempo y agua Y recordar que el tiempo es otro río, Saber que nos perdemos como el río Y que los rostros pasan como el agua.
Sentir que la vigilia es otro sueño Que sueña no soñar y que la muerte Que teme nuestra carne es esa muerte De cada noche, que se llama sueño.
Ver en el día o en el año un símbolo De los días del hombre y de sus años, Convertir el ultraje de los años En una música, un rumor y un símbolo,
Ver en la muerte el sueño, en el ocaso Un triste oro, tal es la poesía Que es inmortal y pobre. La poesía Vuelve como la aurora y el ocaso.
A veces en las tardes una cara Nos mira desde el fondo de un espejo; El arte debe ser como ese espejo Que nos revela nuestra propia cara.
Cuentan que Ulises, harto de prodigios, Lloró de amor al divisar su Itaca Verde y humilde. El arte es esa Itaca De verde eternidad, no de prodigios.
También es como el río interminable Que pasa y queda y es cristal de un mismo Heráclito inconstante, que es el mismo Y es otro, como el río interminable.
Não sei que tempo faz, nem se é noite ou se é dia. Não sinto onde é que estou, nem se estou. Não sei de nada. Nem de ódio, nem amor. Tédio? Melancolia. -Existência parada. Existência acabada.
Nem se pode saber do que outrora existia. A cegueira no olhar. Toda a noite calada no ouvido. Presa a voz. Gesto vão. Boca fria. A alma, um deserto branco: -o luar triste na geada…
Silêncio. Eternidade. Infinito. Segredo. Onde, as almas irmãs? Onde, Deus? Que degredo! Ninguém…. O ermo atrás do ermo: – é a paisagem daqui.
Tudo opaco… E sem luz… E sem treva… O ar absorto… Tudo em paz… Tudo só… Tudo irreal… Tudo morto… Por que foi que eu morri? Quando foi que eu morri?
“A novidade que tem no brejo da cruz é a criançada se alimentar de luz…”
Chico Buarque
… luz da lua Do sol a luz, Mas sobretudo é da luz de teu olhar que me acumulo… Da luz de tua presença de teus sentimentos iluminados tanto os bons sentimentos quanto os sentimentos danados… Da luz de tua esperança minha espera se sustenta é na luz de tua alma que minha fome se alimenta…
Minha alma tua alma água pura de beber água benta…
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
eu sei, não foi bem isso que o John Keats
/disse,
mas cada língua escolhe as afeições
e imperfeições que lhe compete ser,
o ser da língua sendo o seu amar
o mar com cada qual sargaço seu
o espaço que se sonha na amplidão
do que se quer mais vasto.
um sonho vai fundando um outro sonho
até talvez um horizonte, ou não.
a palavra inaugura uma alegria
voa auspicia pássara
o que passou, o que ainda vai passar
o que se funda agora
e na hora da nossa vida-morte:
o resto só será palavra-além.
Muitas vezes sou influenciada pelo pesadelo da mídia, tudo pelo corpo perfeito acaba se tornando mais importante que a minha saúde, o meu bem-estar e várias outras coisas. Principalmente na adolescência, quando eu quero ser perfeita como os meus ídolos “torno-me eles e não eu”, agora eu sei que posso acabar adquirindo doenças como a anorexia e bulemia.
Devemos nos valorizar e aceitarmos como somos independentemente do cabelo, da raça, do estilo. Portanto, respeite-se.
Juntamente com Raimundo Correia, Olavo Bilac foi um dos maiores poetas da tendência denominada Parnasianismo, gerada pelo Realismo, estética que se inicia na segunda metade do séc. XIX, devido ao esgotamento da estética romântica. ”A divisão do conhecimento científico, do pensamento evolucionista e da filosofia positivista contribuiu para o surgimento de uma intelectualidade que rompeu com o modo romântico de ver o mundo. Adotou-se uma postura que privilegiava uma relação mais impessoal com a realidade. Foram valorizados os ideais de objetividade científica, buscando-se abordar o mundo “como ele é”, sem as idealizações típicas do Romantismo.” (Faraco, 2005, p.109), por isso o parnasianismo cultivou a forma dos versos de modo perfeccionista, e adotou para seus temas uma impessoalidade e uma passibilidade máximas, defendendo a “Arte pela Arte”.
Olavo Bilac teve Amélia de Oliveira, uma das 7 irmãs do poeta Alberto de Oliveira (grande bibliógrafo e um dos que mais defendiam a Língua Culta) como grande amor de sua vida que findará solitária, mas nos deixou sua obra, resultado de seu culto à forma e à Língua Portuguesa.
Um exemplo deste cultivo a linguagem formal do autor está no trecho da carta de amor e nos sonetos reproduzidos abaixo:
“Excelentíssima Senhora. Creio que esta carta não poderá absolutamente surpreendê-la. Deve ser esperada. Porque V. Excia. compreendeu com certeza que, depois de tanta súplica desprezada sem piedade, eu não podia continuar a sofrer o seu desprezo. Dizem que V. Excia. me ama. Dizem, porque da boca de V. Excia, nunca me foi dado ouvir essa declaração. Como, porém, se compreende que, amando-me V. Excia., nunca tivesse por mim a menor palavra afetuosa, o mais insignificante carinho, o mais simples olhar comovido? Inúmeras vezes lhe pedi humildemente uma palavra de consolo. Nunca obtive, porque V. Excia. ou ficava calada ou me respondia com uma ironia cruel. Não posso compreendê-la: perdi toda a esperança de ser amado. Separemo-nos. […]”
O que uma tradutora apaixonada por filmes nacionais e poesia do século XVIII, um estudante de matemática, um de agronomia e um de biomedicina têm em comum?
Aparentemente nada. Mas eles têm. Uma paixão. A paixão pela literatura, pela leitura, pelas múltiplas leituras. E dela, provavelmente, nasceu o literaturaemfoco.com: de- li- ci- oso. Recheado de poesias, vídeos, contos, crônicas, imagens.
Podem me corrigir se eu estiver enganada, por favor.
Conheci através do twitter e hoje a Laís Azevedo postou esta maravilha do Lenine.
Amanhã tem análise da letra. Vamos aguardar.
Obrigada, Laís. Esta do Lenine eu não conhecia e simplesmente adorei.
Nota explicativa: Esta composição foi feita após uma sequência de comentários, incentivados por um anônimo, o qual ganhou a alcunha de “Vacilão”, pois criticou a gíria utilizada no primeiro poema da série “Primavera”.