o BloG dA pRofA











{Fevereiro 24, 2011}   UFPR 2012

Para minhas queridas e meus queridos do 3ºF…

Um dos novos livros da lista de obras literárias para o vestibular da UFPR para 2012 é considerado por alguns como o primeiro romance homossexual brasileiro. A leitura da obra é imprescindível, a leitura da biografia do autor é complementar.

Sei o quanto é complicado trabalhar o dia todo, estudar à noite e ainda pensar num vestibular tão concorrido como este. Por isso, persistência, dedicação e ir além do solicitado é, talvez, o segredo do sucesso de alguns que mesmo em meio a todas as adversidades conseguem êxito.

Então… para quem quer ir além… segue um trecho do livro da Cláudia Albuquerque para experimentação:

“Como hei de dar atenção ao bombardeio que lá vai troando na baía, se o meu espírito está completamente absorvido, absolutamente dominado pela ideia de fazer literatura?”, perguntaria a si e aos leitores. O livro que o fazia perder o sono e as bombas já era provavelmente Bom-Crioulo, um novo romance, que seria lançado no mesmo ano de suas Cartas Literárias. Nele, Caminha pôs todo o ar dos pulmões. Criou imagens arrebatadoras numa prosa tecnicamente superior a tudo o que já havia escrito. Foi como se tivesse passado os anos anteriores ensaiando para este livro. Finalmente as coisas todas no lugar: a estrutura e o tema em diálogo íntimo, o perfeito encadeamento entre as cenas. Pitadas de nervosidade, violência e sensualismo.

Uma vez, Proust disse que nos bailes de Balzac nós sentimos quase o prazer de ser convidados. Em   o autor, avesso a galanterias, empurra o leitor desavisado para a atmosfera carregada de um navio em alto-mar, tendo depois o requinte de o atrair a um quartinho sórdido da rua da Misericórdia. Talvez o visitante acorde cedo e adivinhe o chocalho da carrocinha do lixo, o mugido da vaca do leite, as conversas jogadas nas quitandas, botequins, carvoarias e, claro, na Padaria Lusitana. As descrições palpitam de vida e os odores simplesmente invadem as narinas: azeite e alcatrão no convés da corveta: mariscos decompostos no porão; sebo, ácido fênico e cânfora nos quartos; urina nas ruas; água de colônia; água do mar; roupa lavada; suor humano e sexo.Bom Crioulo

Sexo à moda naturalista: alucinado, sôfrego, desembestado e inevitável como a morte. O sexo que se aferra à carne tal qual “espinho de urtiga brava”. O que escraviza Amaro, confunde o grumete Aleixo e faz Carolina se contorcer até o fim da narrativa.

LEIA MAIS:

ALBUQUERQUE, Cláudia. Adolfo Caminha. 2. ed. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2009. P. 67-69

(Na biblioteca do colégio) 😉



{Novembro 4, 2009}   Múltiplas Leituras

GetAttachmentwrthrDescobrir como o acervo de uma biblioteca escolar pode contribuir para a formação leitores não é tarefa fácil. No entanto, ela é uma reflexão necessária para implantar e transformar as práticas de leituras na escola, pois se faz necessária a criação de condições concretas de leitura e a trajetória escolar é privilegiada com situações para que elas sejam criadas.

É recorrente a discussão da importância da leitura de livros, e digo leitura de livros e não de outros suportes – talvez pela falta de reconhecimento de que a leitura se processa nos mais diversos suportes, ou pela tradição dos livros que perdura séculos – nos corredores da escola, nos intervalos, nas reuniões pedagógicas, de toda instituição preocupada com uma formação integral de seus alunos.

Pais, pedagogos, coordenadores, professores e a sociedade em geral discutem a crise da leitura. E essa crise, conforme prevê Silva (1996, p. 12) se dá pela falta de criação de condições de leituras. E

                        “(…) A tão-propalada “crise da leitura” não é uma doença destas últimas décadas e nem deste século: ela vem sendo reproduzida desde o período colonial, juntamente com a reprodução do analfabetismo, com a falta de bibliotecas e com a inexistência de políticas concretas para a popularização do livro.”

A leitura é instrumento que possibilita a descoberta e ampliação das representações do mundo e através de práticas de leitura o homem pode se conscientizar de sua condição social, cultural e histórica para uma “superação do status quo individual ou coletivo através do exercício da crítica dos fatos, das representações tidas como verdadeiras.” (SILVA, 1996, p. 19)

Além disso, pela leitura se dá a construção do imaginário. Os componentes do imaginário, que são tecidos com fios, invisíveis ou não, advindos do simbólico, estabelecem uma relação com o que podemos chamar de mundo real, e como tal é complementar e dialógica, e a instituição de um imaginário pode estar investida de mais “realidade” do que o próprio real.

Referências

NÓBREGA, Nanci Gonçalves. Tapete Mágico. Leituras compartilhadas. Ano 03. fascículo 09.

___. Acervo, Memória, Reserva Simbólica. Saberes. Curitiba. 2006.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. A produção da leitura na escola. Pesquisas x Propostas. Ática, São Paulo, 2000.

___. Leitura na escola e na biblioteca. 4. Ed. Campinas, Ed. Papirus, 1996.



{Agosto 30, 2009}   I Bienal do Livro de Curitiba

Hoje conheci pessoas maravilhosas!!! 

Dentre elas, uma uma jovem escritora de apenas 17 anos que me falou sobre as dificuldades que uma adolescente enfrenta para publicar seu primeiro livro.

Estudante do 3º ano do Ensino Médio e apaixonada pela Literatura desde muito jovem, se prontificou a dar uma palestra para aqueles que têm dúvidas e anseios em relação aos seus escritos.

Claro que conhecedora de muitos jovens talentosos como ela, alguns – por acaso – meus alunos, farei o possível para que ela nos conte sua história na escola.

Vou ler o livro, depois conto (uma parte, é claro) do romance pra vocês.



(…)

Sobre As possibilidades da memória & as ciladas do esquecimento, li recentemente, num revista italiana, entrevista do poeta – e artíficie da liberdade tcheca, presidente VacLav Havel, onde diz:

O que está acontecendo conosco?

Cada semana sai uma nova geração de telefones celulares.

Para poder usá-la você tem necessidade de instruções detalhadas.

Aí você passa todo seu tempo lendo as novas instruções, em vez de ler livros – sobre pensamento, humanidade e filosofia.

(…)

Será verdade que a tecnologia faz rima com felicidade?

Nos tornamos felizes pela posse do último iPhone. Ou pela compra de um refrigerador que nos avise que se acabaram os ovos e ordene a ida ao supermercado?

Dezenas de outras pesquisas provam: os gadgets eletrônicos nos dão uma euforia que, rapidamente, se transforma em frustração.

O homem é um animal adaptativo, em poucas semanas o sentimento de bem-estar pela conquista de uma inovação, de uma nova tecnologia, se esvai.

Os psicólogos chamam isto de adaptação hedônica: não importa quão apaixonante seja a última inovação, nem quão simples seja a nossa vida: logo daremos por superada…

E não só: A satisfação oferecida pelo dinheiro se atenua com o crescente das ambições.

O Prêmio Nobel de Economia Daniel Kahneman chama isto de armadilha da expectativa crescente.

(…)

O mundo moderno corre o risco de sofrer da síndrome do click.

Tudo é rápido.

O que nos faz desligar o celular rápido, até sem o cumprimento da despedida, pela urgência de nos comunicarmos rapidamente com o próximo.

A dependência que se cria com os servomecanismos:

O portão eletrônico, o sensor que acende a luz.

Esta síndrome do click é perigosa, sobremaneira, para as crianças e os jovens. Eles não aprendem que é necessário investir tempo para obter alguma coisa. Não, cada vez que você faz um click, que você aciona um botão, neste mundo que é reprodução dos “vídeo games”, você obtém um resultado.

E isto se transfere a todas as ações humanas.

Nós perdemos a cognição da existência do tempo.

A felicidade de transcorrer este tempo.

Perdemos o prazer da espera. Já não ouvimos os sinos das vésperas…

Afinal, se eu tiro da vida o fator tempo, eu suprimo um fator potencial de felicidade.

(…)

As tecnologias tiram tempo ao hábito de cultivarmos a palavra, o conto, as estórias, e a recordação das emoções.

As tecnologias nos privam do banquete dos deuses, aquele referido por Píndaro, que nos torna eternos, reconciliados com a vida.

E a suprema tristeza é o Twitter, onde o horizonte inteiro das emoções humanas é restrito a 140 caracteres. Ali as pessoas anotam o que estão fazendo e o que estão sentindo, isto porque, a felicidade se esquece depressa… E mais depressa ainda…quando é uma felicidade virtual.

Toda essa reflexão nos remete a este momento auspicioso da abertura da primeira Bienal do Livro na nossa amada cidade de Curitiba.

A cidade dos Faróis do Saber, das bibliotecas públicas junto aso terminais de ônibus, nas Ruas da Cidadania, a cidade com mais bibliotecas públicas de bairro do Brasil – e quiçá do mundo – recebe a partir de hoje a feira do Livro e da Literatura.

(…)

Pelos livros podemos perceber as infinitas possibilidades de memória e ainda escapar das ciladas do esquecimento.

Rafael Greca

27/08/2009

Programação completa:

http://www.bienaldolivrocuritiba.com.br/

Texto na integra: Comigo.



et cetera